Afirmas que brigámos. Que foi grave.
Que o que dissemos já não tem perdão.
Que vais deixar aí a tua chave
e vais à cave içar o teu malão.
Mas como destrinçar os nossos bens?
Que livro? Que lembrança? Que papel?
Os meus olhos, bem vês, és tu que os tens.
Não te devolvo - é minha - a tua pele.
Achei ali um sonho muito velho,
não sei se o queres levar, já está no fio.
E o teu casaco roto, aquele vermelho
que eu costumo vestir quando está frio?
E a planta que eu comprei e tu regavas?
E o sol que dá no quarto de manhã?
É meu o teu cachorro que eu tratava?
É teu o meu canteiro de hortelã?
A qual de nós pertence este destino?
Este beijo era meu? Ou já não era?
E o que faço das praias que já não vimos?
Das marés que estão lá à nossa espera?
Dividimos ao meio as madrugadas?
E a falésia das tardes de Novembro?
E as sonatas que ouvimos de mãos dadas?
De quem é esta briga? Não me lembro!
Rosa Lobato Faria
...
(padre) vasco pinto de magalhães(1)
2009(1)
a. manzoni(1)
affonso romano de sant'anna(1)
alice vieira(1)
amizade(1)
ana hatherly(1)
boy(1)
cecília meireles ; pensamentos(1)
desabafo(1)
desabafos meus(65)
desafios(1)
eu(1)
folhetim de amor(132)
frases " ocas "(98)
inspira-me(1)
jorge palma(1)
jorge viegas(1)
lupe cotrim(1)
mia couto(2)
miguel torga(1)
natal(1)
nuno júdice(3)
olva guera(1)
pablo neruda(2)
palavras dos poetas(167)
palavras dos poetas; inspira-me(1)
pedro paixão(2)
pedro tamen(1)
pensamentos(47)
ruy belo(1)
sapo(1)
selo(4)
séneca(3)
sophia de mello breyner andresen(1)
tarde(1)
vasco gato(1)
victor hugo(1)
ward(1)